“Pois é, Pra que o Ensino Popular de idiomas?”, por Valquíria Rocha
Saber uma língua nos dá acesso a um mundo. Saber mais de uma língua nos dá acesso a vários mundos.
O ensino de idiomas, no geral, tem a preocupação de proporcionar o máximo de imersão possível desde a primeira aula, por vezes afastando as pessoas que não têm tanta facilidade com o aprendizado de línguas ou não tem o tempo disponível para se dedicar por muitas e muitas horas aos estudos porque trabalham, estudam, cuidam da família, etc. E aí entra o ensino popular de idiomas.
Para Paulo Freire, a educação popular é feita com o povo. Então o ensino popular de idiomas não poderia ser diferente. Evitar a lógica hierárquica de repasse do conhecimento de cima (professor) para baixo (alunos) e abordar uma construção em que o sujeito possa se colocar, em que sua identidade seja respeitada e suas experiências valorizadas são formas de conceber uma educação libertadora.
bell hooks conta em seu livro “Ensinando a transgredir” o impacto que um poema teve sobre ela em especial pelo seguinte verso: “Esta é a língua do opressor, mas preciso dela para falar com você”. É possível dominar um povo ao exterminar sua língua, mas também é possível organizar um povo tornando uma língua comum a todos.
Pois é, pra que ensino popular de idiomas? Para libertar! Para permitir que o povo tenha possibilidades de escolhas.
Que os diversos mundos formados pelas diversas línguas estejam acessíveis a todas aquelas pessoas que se interessarem. Enquanto educadores, que levemos esse conhecimento às classes que mais lutam por sua autonomia.
HOOKS, Bell. Ensinando a transgredir. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2013.